2012-12-10

De "O Livro dos Medos" por Paulo Guerreiro

VIII


A pátria fede de vapores impróprios enquanto eu canto o hino agarrado às pernas de um jogador.

A pátria evapora-se, vítima da globalização, e eu condenso-lhe as dores.

Eu sou a pátria que sofre, tenho-lhe um amor dorido e profundo.

Sou eu o órfão quando ela morrer.

Sei-lhe a bandeira no sangue e a música em que me embalo.

“Heróis do mar, nobre…”…Sou porque te amo.

Que nasça do meu amor a tua perfeição.

Nos edifícios do poder escrevem-se as palavras da minha vergonha.

Viva a Republica! Viva a Democracia! Viva a Grécia que as inventou! Morte ao Rei que as usurpou!

Ela foi cruz e é quinas, castelos e esfera anilar, “Nação valente e imortal...”.

Levanto-me eu todos os dias porque acredito em ti…No teu esplendor…No meu esplendor.

Desvanece-se o sonho e resta-nos a memória do que não vivendo, aprendemos.

Camões! Quem nos canta agora?

Às armas! Às armas!

A pátria dilui-se e expurga os seus filhos…

Eu quero a terra onde nasci,

Quero pertencer a esse sonho de reconquista que não fui eu que inventei…

D. Henrique não foi morrer em Jerusalém!

Eu também quero morrer aqui, mesmo que tenha de voltar!

Contra quem não sei…

Marchar…Marchar…

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