2013-03-18

Quando a Poesia é Prosa Turva (Ou apenas porque sou livre de escrever banalidades)

Um pouco como tudo


E do outro lado o mundo

A vez da voz que nos sussurra

Se do mal que é teu não sobram cinzas



Esmaga a tua dignidade

Esconde a fome no Inverno

Os ventos estão do Norte

Varrendo as terras do sul



De pobres gentalhas terrenas

Vivem homens de grandezas

De branco é o que se quer

Só no branco tudo o que suja



Aleluia vida curta

Salve a vida que vivo

Da estrada sem direção

Deste ou de outro caminho



Faz-te á estrada horizontal

Quando o vertical te foge

Amanhã no reencontro

O abraço será melhor



A poesia é assim

Não tem de ser porque é

Toda a frase que é prosa

Pode ser profissão de fé



Quem fala do mundo por rimas

De quem quer só por rimar

A raiva só tem palavras

O ódio pode matar

.................................!!!!!!!!!!!!!!!

2013-03-04

Um Jantar (Que poderia ter sido mais um, não tivesse ele ocorrido na Amadora)

A cem mil quilómetros de distância, um dia qualquer depois de ontem, a morna sensação de memória lambida. A virgindade só se perde uma vez mas a sua recordação perdura para sempre. Terão sido poucos, para mim foram os suficientes. Nem sempre a quantidade é qualidade e desta última não me posso queixar. Sim, as memórias lá estavam, dispersas é certo, mas firmes em sabores e texturas das quais eu não pensava recordar-me. Nem eles sabem as recordações que não disse. A idade ensinou-me a ser poupado, a não gastar tudo de uma vez, a ouvir e temperar imagens com outras perspetivas. Não foi bom, foi muito mais do que esperava, e com isto digo quase tudo. Pelo recato, pelo tempo que tive para lembrar, sem pressas nem pressões de reconhecimento, que são sempre incómodo em grandes concentrações (tanto que custa admitir que não nos lembramos de alguém, disfarce quem quiser, eu não consigo fazê-lo e ser credível)) e acima de tudo pelos amigos.


Hoje, mais do que nunca, aprecio o “quanto basta”, a quantidade certa para me sentir bem. Foi a quantidade certa? Poderia ser mais, quem sabe…Sei do sossego com que abri a porta, por volta das três da manhã, sem sono porque esse ficou nas duas horas de viagem. Foram muitas as imagens que eu revi na noite escura iluminada pelos faróis, todas elas páginas que por outras razões tinha procurado não relembrar…sim foi bom!

Faltam dois meses para fazer vinte anos no Alentejo. São vinte anos que não me fizeram esquecer a Amadora e os amigos…Este jantar lembrou-me disso.

Fui trabalhar às quatro da tarde de domingo e o meu amigo Luis perguntou-me, Então o “JJ” não foi, Não o pessoal do “JJ” era da Reboleira Sul. Olhou-me desconfiado como se não percebesse porque não era tudo a mesma coisa. Expliquei-lhe do “Vermelhinho”, do entreposto de pessoas com os mais variados gostos e vontades, disse-lhe que eu era uma “Maria-vai-com-as-outras” abandonando-me a quem me aturasse bêbado. Fez-me que sim…como podia ele entender esses anos oitenta se eu nunca lhos contei, como poderia eu contar aquelas histórias e parecer credível. Sabem apenas que sou de lá…

Quando cheguei a casa liguei o computador e fui ao “face”, queria ver as fotos, o comprovativo de que tinha sido mesmo verdade.

Sem sombra de dúvidas que um pouco de mim ficou lá, quem sabe à espera que mo venham devolver…

Um abraço grande a todos os que lá estiveram. Aos outros a esperança de os rever noutra altura.

P.G.

Nota: Desculpem lá a porra do sermão!!!!