2007-08-04

Ressacando das férias (a culpa de quem não quer produzir)




De espada na mão decapitei uns quantos. Estava deitado numa toalha, numa praia…E o mar, sempre o mar e o som do mesmo agora nos meus ouvidos e eu deitado numa toalha.
O Sol, também o Sol. O Sol nos meus olhos cerrados e as figuras por ele criadas…e eu divirto-me e deixo-me levar.
Que bom o descanso…O descanso?! Sim o descanso, o mar manso, a toalha, a areia, o silêncio no grito da minha filha, “Pai já posso tomar banho?”, “Espera mais um bocadinho…”, “Vá lá Pai!...”.
Eu e a minha mulher tocando-nos por amor ao toque, o leve eriçar da penugem corporal, a sensação de que o tempo pode mesmo ser parado.
O carro sobe junto à falésia e de repente fura a rocha, uma vez e outra e outra ainda, desemboca num vale, numa rotunda, na escolha que sempre se faz quando se viaja sem destino, “Paulo, temos gasolina?”, “É melhor parar aqui.”.
De espada na mão decapitei uns quantos…Que nobre o sentido das coisas, são cortes temporários, cabeças que hão-de voltar ao lugar.
No dia seguinte o sol e eu, e a toalha, o agrado da irresponsabilidade, tenho tempo para vocês, consigo ouvir-vos melhor…Estamos numa ilha, isolados do mundo…
O que eu gosto mais das férias é a minha filha, a minha mulher…O cenário pode mudar, escolha-se o cenário!
A minha filha, a minha mulher, os meus amigos, o meu mundo!

Que pena as férias terem acabado…

7 comentários:

pb disse...

Pois amigo o que é bom acaba sempre...mas é óptimo ter-te de volta !! um abraço

Elsa Sequeira disse...

dEIXEI-TE UM ABRAÇO NO MEU CANTINHO!

BEIJINHOS!!!

Rocha de Sousa disse...

Bom dia, amigo.
Eu estou sempre de férias e é quan-
do trabalho melhor. Porque faço as
escolhas que quero, tenho uma roti-
na minha, ando sempre com a bagagem
às costas: uma Nikon, uma câmara digital de cinema, um computador portátil - e a mesma sensação de outrora, num mar já breve de angús-
tia, a sensação de que cada vez tenho mais coisas para «instalar», embora dispondo de menos tempo para isso.
Há no seu texto uma estranha imagem
de rompimento com o «determinismo»
das férias, uma espécie de ruptura surrealizante em que por momentos
volta a um ponto do seu inconscien-
te (disco rígido de quase tudo o que somos), um rasgão que lhe permite visitar por instantes o fu-
turo, a responsabilidade de que os outros lhe mudem o cenário: porque
o seu «ovo» de recato - o mundo todo, enfim - são a sua mulher, filha e amigos. A ilha. Sabe que Bergman dispunha de uma ilha onde chegou a realizar alguns dos seus filmes, aí juntava actores amigos, aí partilhava tudo. Morreu a dormir, em paz. O seu território
era pequeno mas o mundo que nos lega define uma fronteira civilizacional.
Um abraço. Vamos a essa escrita.
Rocha de Sousa

P. Guerreiro disse...

Caro amigo Rocha de Sousa tudo o que nós somos precisa de tempo e espaço. Mesmo quando não os tenho eu invento-os.
Obrigado pelo comentário, muito a propósito...No tempo certo...

Titá disse...

Mano, que saudades!! Senti a tua falta. É bom ter-te de volta.
Agora parto eu, para ums férias ansiadas e desejadas. Darei noticias e volto em breve.
Um beijo para todos Vós

Elsa Sequeira disse...

Voltei!!!!
O meu coração espera lá por ti!!!

Beijinhos!!!

Isabel disse...

Que bonito Paulo!
A tua mulher e as tua filha tem sorte em ter o teu olhar escolhendo-as como cenário. Que ainda escrevas sobre isso, é enternecedor...
Lindo!

Um beijo e saudades de aqui te vir ler.

Isabel