2011-11-19

Dúvida






Lembro-me de mim,
em cada passo me revejo.
Do centro ao sul
e depois ao centro.
Lembro-me de ti,
ao lado dos passos que dei.
De um lado ao outro,
De tudo o que foi,
e depois voltei.
Voltei porque tinha de voltar,
porque os passos não se esquecem,
porque com os passos que dei,
a algum lado havia de chegar.
Sítio que é porque estou,
relembro quem ficou.
E lembro-me de mim,
com os passos que dei.
Assim foi o que decidi,
horas na estrada do sul,
rumo ao sol que nascia,
rumo ao sul que um dia soube,
para um “Eu” já pequenino.
Numa terra de um largo,
num terraço já antigo,
de uma casa que não existe,
com uma porta e um postigo,
por onde ninguém olha.
Foi destino, foi castigo,
foi a vida, fui eu,
com os passos que dei,
que decidi, amigo,
voltar ao que já não sei.
Sei que não é retorno,
parte de mim ai morreu
e outra parte renasceu,
num lugar mais morno.
Lembro-me de mim
e dos passos que dei,
Só não sei se fui eu que caminhei.

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