2011-11-14

Quando as palavras nos faltam porque as pessoas se foram




Sentado na minha cadeira,
no conforto do meu quarto,
na sala do meu descanso, manso o desassossego das visitas.
A cadeira de um café,
onde também se bebia café,
porque era no café que tudo começava
e onde tudo também podia acabar.
Falam as bocas de coisas, de pessoas,
das pessoas o mundo,
do mundo as palavras e as pessoas que as dizem.
Foi ontem, mais ou menos à trinta anos,
como podia ser hoje a pensar ontem,
como se tivesse importância o que se diz quando se pensa.
Foram quartos, muitos quartos,
dos quartos de pessoas que se conheciam.
O conforto dos quartos, que era o conforto da amizade,
da cumplicidade, de mais qualquer coisa.
Na sala a música,
omnipresente,
pretexto e finalidade,
desculpa ou lazer,
prazer, discussão, união.
As visitas que se repetiam,
os números que sabiam,
as portas que se conheciam,
e outras coisas mais que atenuavam desassossegos.
Mansos os dias de visita,
calmas peregrinações,
de café em café, sala em sala,
nas escadas, nos jardins, nos passeios
ou simplesmente na rua,
na minha, na tua, na nossa,
que também podia não ser…
tudo isto são palavras que são ditas quando não existem palavras,
porque as palavras escasseiam quando a ausência é definitiva,
no entanto dizem-se!
Até logo!

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