2011-12-09

Décimas para,

Um fado de (falsas) ilusões
Ou
Fado do mal agradecido
Ou
Fado da geração de “Alex”



Leva-me à boca a garrafa,
Deixa-me bebê-la de um trago,
Sonhar quer já fui jovem,
Sem me sentir estragado.

Ouvir desse novo som,
Sentir novamente a nascer,
A vontade de quem quer “viver”.
Pensar que sou bom,
Que não estou fora de tom.
O escritório que me agrafa,
Afogado num ar que me abafa.
As paredes que me cercam,
As portas que me fecham,
Leva-me à boca a garrafa.

Hoje estou longe de mim,
Estou onde não escolhi estar.
Poderia estar noutro lugar,
Mas como vês estou assim.
Estou à procura de um fim,
De um canto, um lugar vago.
De mergulhar neste lago.
De sentir uma mão.
Traz-me uma nova canção,
Deixa-me bebê-la de um trago.

Ouve-me deus meu, meu senhor,
Ouve o que te quero pedir,
Estou farto de fugir.
Sangra-me a alma, sinto dor,
Perdi o resto de amor.
Olho para o que lá vem,
Olho e sinto desdém.
Esta vida não me agrada,
Vou-me fazer à estrada,
Sonhar que já fui jovem.

Acordei e olhei à volta,
Olhei p’ró fundo, p’ró fim,
Olhei para dentro de mim,
Mesmo junto à minha porta.
Não vou pedir vida morta,
De boi manso, de mau gado
Do que deixei do outro lado.
Olhei p’ró que me falta viver,
Vivo a vida por querer,
Sem me sentir estragado.

Sem comentários: