2013-02-13

No intervalo dos espaços vazios!

Grunhidos, gemidos, palavras impercetíveis de sentido opcional, todo um jogo de escutas. O castigo procura razão e o silêncio conivente aprova por decreto. Pelo meio estão trabalhadores e famílias, Teresa, João, Carlos, Isabel, a pequena Joana, o Daniel ainda por nascer, nomes que são pessoas. Num tribunal o juiz julga do poder. Que poder tens tu para te defender?... Os “nomes que são pessoas” são acusados. Defende os teus direitos… e os direitos resvalam por entre os dedos, água preciosa que não conseguimos segurar.


A visita é rápida, haverá impedimentos, estamos vivos. O obrigado é suspirado, a onda de solidariedade não passa de mar manso. Tudo sereno. Noutros tempos quem carregava a cruz tinha direito ao ódio à condenação popular…a cruz passa despercebida por entre bancadas…a cruz larga uns papéis sobre a mesa…um olhar que não diz tudo porque muitas das vezes o olhar não pode dizer tudo, porque faltam as palavras ou o tempo delas…está tudo bem? Pergunta pertinente de imbecilidade induzida. Sim, está tudo bem…não devemos desistir, é isso que eles querem. Claro que não!…

Às vezes olho para o tempo e digo, está tudo demasiado silencioso. Claro que o meu olhar é meteorológico, analiso ventos, pressões, temperaturas, humidades relativas e sentencio, está tudo demasiado silencioso. Por qualquer razão espero sempre algo de mau provindo de tão vazia bonança.

A paz está podre. É uma paz medrosa, de barco ao fundo devagarinho, muito devagarinho, tão devagarinho que até parece que não vai. Podem confundir à vontade, medrosa ou merdosa não será uma escolha efetiva, apenas o mesmo lado, a mesma noite que, quando é noite a sério, quando é ausência total, nos retira o folgo.

Mesmo no silêncio eles são heróis. Heróis porque no meio de tanto medo não foram o medo todo…Que ruídos são esses? Não sei!…Põe a mão na boca!

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