“A presidente da Assembleia da República, Assunção Esteves, avançou com a
hipótese de mecenato como solução para custear algumas das iniciativas das
comemorações dos 40 anos do 25 de Abril. A notícia é avançada pela edição desta
quinta-feira (13 de Fevereiro) do jornal «Público», que cita fonte do gabinete
da própria Assunção Esteves.
Entre as iniciativas avançadas por Assunção Esteves para as comemorações do 25 de Abril, está uma exposição de chaimites junto à Assembleia da República, ornamentadas com cravos criados pela artista plástica Joana Vasconcelos. Seria, aliás, para esta iniciativa que se destinaria o mecenato. A exposição de chaimites é já uma segunda hipótese. A primeira seria uma cobertura para a fachada do edifício da Assembleia da República. Assunção Esteves recuou nesta hipótese, por concordar que teria custos muito elevados.
A escolha da artista já está a originar celeuma. Há quem a questione, por temer ser alvo de críticas por parte de outros criadores.
Assunção Esteves quer chegar a um consenso entre as bancadas sobre a forma de assinalar o 25 de Abril e foi entretanto criado um grupo de trabalho com deputados de todas as bancadas. Nuno Encarnação (PSD), João Rebelo (CDS), António Braga (PS), Miguel Tiago (PCP) e Pedro Filipe Soares (BE) reúnem esta quinta-feira com a presidente para discutir o assunto.”
Entre as iniciativas avançadas por Assunção Esteves para as comemorações do 25 de Abril, está uma exposição de chaimites junto à Assembleia da República, ornamentadas com cravos criados pela artista plástica Joana Vasconcelos. Seria, aliás, para esta iniciativa que se destinaria o mecenato. A exposição de chaimites é já uma segunda hipótese. A primeira seria uma cobertura para a fachada do edifício da Assembleia da República. Assunção Esteves recuou nesta hipótese, por concordar que teria custos muito elevados.
A escolha da artista já está a originar celeuma. Há quem a questione, por temer ser alvo de críticas por parte de outros criadores.
Assunção Esteves quer chegar a um consenso entre as bancadas sobre a forma de assinalar o 25 de Abril e foi entretanto criado um grupo de trabalho com deputados de todas as bancadas. Nuno Encarnação (PSD), João Rebelo (CDS), António Braga (PS), Miguel Tiago (PCP) e Pedro Filipe Soares (BE) reúnem esta quinta-feira com a presidente para discutir o assunto.”
http://www.tvi24.iol.pt/503/politica/25-de-abril-assuncao-esteves-comemoracoes-patrocinios-parlamento-tvi24/1537042-4072.html
Foi esta a
notícia que me levou a este projeto; “Financie você mesmo o seu 25 de Abril”,
“Seja o mecenas da sua revolução, o 25 de Abril é seu”, “Acorde para a vida e
mexa-se, se não for você a comemorar ninguém o vai fazer por si”, numa versão
hard core “Porra, se estás fodido junta-te á maralha e manda-os para o caralho!
Tens o abril todo por tua conta!”.
Como se percebe
o título é o que menos interessa, o importante é mesmo a intenção e esta
resume-se melhor quando se explica, embora pareça um contra censo. Por esta
altura estamos perto de recuperar a nossa liberdade, a “troika”, qual exercito
invasor (lembremos a convenção de Haia que obriga os ocupantes de um país a
alimentar a respetiva população), cansou-se de nós, pouco mais temos para dar
(os juros que iremos pagar e os que já pagámos tornaram-nos uma colónia, um
território dependente) e os frutos que ela (e os famosos mercados, e porque não
falar da ganância, afinal o que são os juros?) semeou, durarão vinte anos, na
melhor das hipóteses (hipóteses baseadas em premissas irrealistas, crescimentos
alucinados e défices que só se cumprirão sem saúde e sem educação, na prática,
sem estado social). Pelo caminho vamos a votos para o parlamento europeu,
aquela coisa lá longe de que toda a gente fala mas da qual ninguém sabe nada,
ou quase, de vez em quando lá nos apercebemos que são eles que fazem as regras.
Bom, com todas estas dificuldades nada mais natural do que comemorar de uma
forma económica, vulgo barata, o dia que nos trouxe a liberdade. Se a liberdade
custa dinheiro e esse nos falta, comemoremos então a liberdade perdida sem o
dito cujo. Comemoremos com imaginação, com protesto, com demagogia, com ironia,
com tudo o que nos vier à cabeça, desde que não custe dinheiro. A senhora
Assunção, presidente da Assembleia da República, numa boa vontade desmedida e
manifestamente preocupada com uma comemoração que lhe é cara e à qual ela deve
a reforma com pouco mais de quarenta anos, levando o seu lugar de presidente
como dever cívico, ainda quis arranjar financiamento, do género, “há para ai
algum saudoso do sonho revolucionário disposto a gastar uns trocos? É que até
fazia jeito!”, mas parece-me que essa não é a solução. A solução terá de ser
individual e das vontades individuais se chegará à vontade coletiva, com ou sem
dinheiro, porque ainda há vontades que não se pagam!
A minha
comemoração vai durar o mês de Abril. Vou comemorar o mês de Abril lendo o
antes, o durante e o depois de Abril, dessa leitura vou deixar marcas nesta
página social e no blogue onde escrevinho algumas palavras. Reflexões, textos
perdidos, poesia, tudo o que eu considerar interessante e comemorativo vai ser
ai vertido com a satisfação de quem cumpre uma promessa, uma missão, missão de
pouco impacto, eu sei, mas uma missão higiénica, que durante este mês, de vãs
promessas governativas, me vai levar numa viagem de memórias. Dizia um filósofo
de que eu não me lembro o nome (nem sequer se era filósofo), que a história é a
procura de padrões que nos ajudam a prever o futuro e porque não, a aceitá-lo
de uma forma mais ativa. Pessoalmente espero que este projeto me coloque em
perspetiva, que esta reflexão me faça ver outros rumos e uma esperança que
todos os dias é corrompida pela incoerência das perspetivas, estamos tão bem e
tão mal ao sabor das marés, das eleições, da conveniência para os mercados, da
hipocrisia (do Grego hypocrisia forma
poética de hypócrisis, desempenho de
um papel no teatro, dissimulação) de quem nos governa e de quem nos quer
governar.
Nota: este texto
foi escrito segundo o novo acordo ortográfico… por preguiça, porque estou farto
de lutar com o corretor ortográfico e porque se Almeida Garrett escreveu
“abhorreciam”, “systema” ou “desharmonia”, palavras que não aprendi, admito que
quem ler este texto daqui a cem anos também se irá espantar com a ortografia
aqui plasmada.
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