2006-08-01

Vivemos de mentiras

Ouvi de alguém esta pertinente questão: “Quantas vezes tu mentes, omites, falseias durante o dia?”. Quem a fez não queria uma resposta numérica, pretendia sim uma reflexão sobre as nossas relações com o exterior. Quase sem dar-mos por isso vamo-nos moldando às situações habituais e mentimos. Ás vezes fazemo-lo de boa fé, só para agradar, mas existem outros motivos. Os sociais por exemplo, que nos fazem ter conversas pelas quais não temos interessem nenhum, e que nos mantêm presos a relações pouco importantes. Os de necessidade primária, quando tudo está em risco e não se olha a meios. Os que derivam da ambição, geralmente tortuosos. E isto são apenas grandes grupos, é só pensar um pouco e facilmente descobrimos que toda a nossa sociedade é montada no encobrimento, na falsificação, na mentira. Dizia Al Pacino no Padrinho III que quanto mais tentava sair da podridão subindo socialmente e investindo de forma legal, maior desonestidade encontrava. Nunca tive essa experiência vivida de perto mas todos os dias me mentem pela televisão, pelos jornais, quem sabe pela rádio também. São as meias verdades, as armas químicas, a ameaça nuclear (como se fossemos nós que tivéssemos inventado aquela merda e a tivéssemos utilizado por duas vezes), a luta contra o terrorismo… O ódio que provocamos com a nossa Ocidental falta de respeito pelos outros povos levou-os à miséria. Muitos submetem-se, outros preferem sucumbir abraçados a religiões que eu não entendo (Os países árabes são donos de um negócio que não controlam e de uma filosofia de vida desconhecida. Morre gente por toda a região, vítimas das armas de uma indústria que não morre).
Somos inundados por omissões, histórias fabricados, encobrimentos, despistes, bastará olhar talvez para os nossos mega julgamentos. Perguntamos agora por que não nos disseram a verdade antes. Porquê tanto tempo para nos dizer que fomos roubados, ao de leve, ao longo destes últimos vinte anos de sonho Europeu, nós que queremos ir em bicos de pés servir de intermediários nas guerras dos outros. Onde está a moral? Numa ilha qualquer dos Açores onde se decidiu uma invasão? Poderão dizer-me que eram governos diferentes…Mas o nome é o mesmo…Portugal!
Porque não havemos nós de mentir? Que exemplo temos nós dos representantes democraticamente eleitos? Dos lideres religiosos? Dos ditadores de conveniência?
Qualquer uma das nossas mentiras seria minúscula comparada com as suas.
Sou Ocidental não tenho medo de reconhecer o meu desconhecimento pelo Oriente. Quanto mais leio mais baralhado fico. Tive a arrepiante ideia de ler “ARAFAT a pedra que os palestinianos lançaram ao mundo” de Margarida Santos Lopes. Um sucessório de mortes, traições, jogos, interesses internacionais com dezenas de anos. Dizia-me um médico que a partir de uma determinada altura um cancro degenera invariavelmente na morte, “É preciso um diagnóstico precoce, atacar o mal logo que seja detectado”.
Este problema, herança dos antigos impérios europeus desfeitos no pós guerra, surge da forma pouco educada como os Judeus fugiram para Israel…Mas quem os pode condenar…A Europa que quase os aniquilou? A Igreja Católica que os ignorou?
Á pergunta inicial eu respondo, vivemos de mentiras, por elas sofre e morre muita gente no mundo. Hoje mostram-nos o Líbano…E amanhã?

6 comentários:

pb disse...

amanhã monstram-nos outro qualquer cenário onde os interesses do " grande sãtã " sejam prioritarios em relação á vida humana. que mundo vamos nós deixar ?? Um abraço

Miguel Baganha disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Miguel Baganha disse...

No comment...
:(

Julgava que já te encontravas de férias...assim sendo, Bons turnos amigo Guerreiro!

Ainda dentro da brincadeira dos Beatles, deixo-te uma música que penso ajustar-se á tua situação:
" A hard days night "

Fica bem,

Um abraço ;-)

P. Guerreiro disse...

Strawberry fields forever....

naturalissima disse...

Tiro-te o chapéu a este faboloso artigo. É um dos melhores que já escreveste até hoje!
Descreves um mundo que é tal e qual como o afirmas: UMA GRANDE MENTIRA.
De certa forma vejo-o assim.
Fazendo agora um pequeno comentário à parte disto, queria dizer-te que sinto uma certa nostalgia, uma tristeza vinda de ti! Deverei estar enganada, mas sinto-o, até nos comentários que deixas no meu blog! Não é que tenhas dito alguma coisa de concreto, mas... é uma sensação estranha que tenho, provavelmente esteja ligado aos artigos que aqui escreveste.

Desejo-te um belo dia
Beijinhos
Daniela

Titá disse...

ai quem me dera viver num campo de morangos e não ter que encarar a mentira deste mundo...
Beijo meu irmão