2007-03-18

Circunstâncias II

Circunstâncias
A sede, a solidão, o espaço fechado.
Circunstâncias
A noite que se pressente mas não se ouve.
Circunstâncias
Uma voz no escuro que teima em dialogar.
Circunstâncias
As palavras vazias de confissões alcoólicas.
Circunstâncias
As palavras que nunca se dizem.
Circunstâncias
A cadeira, o homem de pernas cruzadas.
Circunstâncias
A mulher que bebe ao balcão.
Circunstâncias
…E no entanto nada se sabe.
Circunstâncias
Nestas e noutras a dúvida persiste…

…Circunstâncias
E nada mais do que isso mesmo…
…Circunstâncias!



P.S. Escrito em mil novecentos e noventa e um, na Reboleira, caderno diário, amarelo, caneta de tinta permanente, feito de uma só vez, sem emendas. Pertence a um grupo mais vasto de circunstâncias, passos, e sem sentido, numerados conforme iam sendo feitos. Sei-lhes o ano, foi a única referência que lhes deixei. Julguei este caderno perdido, perdido nas mudanças dos anos noventa, vim descobri-lo por acaso na procura de uma credencial que me fez revirar a sala. Chamou-me a atenção aquele caderno amarelo com uma assinatura e uma data, nada mais, só depois de aberto revelou o que tinha para revelar. Tirando duas ou três coisas já feitas, que postei no blog, nunca tinha ido buscar nada tão antigo. Fica a excepção…Fica a recordação…Um pouco do que fui…
Não sendo este o objectivo da minha presença na blogosfera prometo retornar à normalidade já no próximo post.
Um abraço para todos os que me visitam…

5 comentários:

Isabel disse...

Não sendo esse o teu objectivo é um bom apontamento...
É engraçado espreitar um pouco do que foste... que bom que guardas essas coisas eu nunca o fiz e tenho pena.
E sabes apesar de escrito há uns tempos já tinha a tua marca.
Gostei bastante.

Lembrei-me que eras pai e vim dar-te os parabens neste dia que é vosso... como o são todos os outros mas enfim... circunstâncias.

Parabéns papá Paulo.

Isabel

pb disse...

é bom recordar-mos coisas antigas, recorda-nos o que fomos e por comparação o que somos agora, para pior ou para melhor, isso só nós o sabemos, um abraço

Titá disse...

Mesmo que não queiras trazer aqui um pouco do que fostes, deixa-me dizer-te que adorei ler e que é uma exelente recordação com todos os sorrisos e lágrimas que me possa trazer.
beijos e aquele abraço

Rocha de Sousa disse...

Meu amigo, que bom que é encontrar cardernos destes. Eu tenho muitos
com contos, poemas e coisas ligadas
ao espqço, que encontrei no escri-
tóprio de meu pai depois dele morrer. Muito do meu livro A CASA REVISITADA, numa das fracções de tempo que alternam.
Compreendo muito bem o seu comentá-
rio à «Petulância». Não sou políti-
co activo, nem filiado em partidos.
A minha via não existe, seia uma quarta ou quinta arquitectura das nações. A minha contradição â Cons-
tança decorre apenas do estilo, da petulância,grosseira linguagem para uma situação que deveria ser
séria, profundamete tratada. Acho péssimo o que se passa entre os po-
líticos e a comunicação social: cada vez é tudo mais redutor e o país à espera de Godot (que não o caso do Sócrastes, obviamente).
Um abraço
Rocha de Sousa

Isabel disse...

Vinha á procura da tua escrita...
Apeteceu-me ler-te... reli o que já tinha gostado tanto antes.

Escreve mais.
A tua escrita faz falta.
É especial


Até breve.

Isabel