Introdução
Nestes anos de crise tudo se confunde. Misturam-se ilusões com desespero, esperanças com agonias, a verdade com a mentira. Vota-se por defeito, opção “default” num qualquer sistema operativo digno desse nome, protesta-se por defeito, vive-se por defeito, também o amor aparece por defeito.
Portugal consome-se na míngua imposta. Para o comum dos portugueses tudo depende da “Troika” que nos ajuda com uma dieta sem calorias, anemia a prazo e a esperança de que os mercados irão investir no nosso sangue aguado.
Neste processo tudo é digerido, constituição, direitos, empregos, pessoas, futuro. O que diz a música rock sobre tudo isso?
Portugal nunca teve uma música rock interventiva ou manipuladora que chegasse a um público generalizado, exceção feita aos “Mão Morta” que se tornaram banda de culto para um número restrito de admiradores do pensamento livre, seja ele qual for.
A nossa raiva esquerdista ainda transborda nas canções do Zeca ou do Sérgio. O apelo à droga, ao sexo e ao rock n´Roll deixou de ser revolucionário. A democracia parlamentar composta por sessenta por cento de advogados deixou-nos sem leis credíveis. O Rap/Hip Hop urbano fez-nos atravessar o atlântico e mergulhar no apelo afro dos americanos.
O que diz o Rock Português perante tantos desafios. Como desafiar o poder quando se está tão dependente do dinheiro. Como convencer quem nos ouve que não somos apenas um grupo de palhaços bêbados a querer curtir. Foi esse o desafio que Jó “Tristezas” tentou vencer.
Jó “tristezas” viveu do sonho rock, quis formar uma banda e acabou sozinho. Agora, sem futuro e depois de ouvir vezes sem conta o punk operário Inglês do final dos anos sessenta, decide-se a recuperar o sonho.
Este é o momento para Jó recuperar os seus contactos. Horas e horas de redes sociais a que não foi alheio o apoio da sua filha mais velha, a Joana, fizeram-no virtualmente conhecido.
Esta é a história de Jó “Tristezas” e da sua banda punk depois do pos- punk “NÃO!”.
(continua)
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