2006-07-12

Desacelerei

Desacelerei, o limite é de 70 quilómetros por hora, vou à procura de promessas, vai devagar que os teus direitos estão já ali! Não, não vou chorar, implorar perdão, ainda não matei ninguém! Primeiro foram os outros! Enquanto forem os outros…
A nova lei pede-me para reduzir…Para cinquenta quilómetros! As auto-estradas… na altura deram de comer a muita gente, gente que ainda come. O concerto do famoso, BB King no Casino…Para quantos? Com o Rui Veloso? (Eu que sabia o “ar de rock” de trás para a frente)
O mal é antigo…Estou quase parado…Vou a vinte…Quilómetros…Já não saio de casa…Não tenho dinheiro, mas tenho democracia! Oportunidades iguais! Pelo menos agora posso falar…Posso? Claro que posso! Não é o que estou fazendo?
Parei! Não tenho mais gasolina! Despediram-me…Podem-me ajudar?…
O mundo não pára e possivelmente todas as salas de espectáculos estariam cheias amanhã.
Meti a marcha-atrás! Não sei para onde vou e está escuro…Está ai alguém?
Todos nós sabemos que a voz que se queixa não é apelativa, incomoda, chateia, tira-nos o sono. Tanto do conhecimento que nos é interdito por razões monetárias, a descriminação existe a vários níveis…Podes sempre ver a fotografia na banca dos jornais, nas mesas de café, mas nunca tocar, essa é a cenoura, o objectivo.
Tenho o carro avariado, está na oficina. Estou parado já há algum tempo! Quem me vai aceitar nesta situação?
Na estrada o sinal indica o limite de velocidade, 70 quilómetros… Estou sentado à beira da pista, espero a minha vez. O trânsito contínuo dificulta o acesso, o ponteiro não sai do zero. Veio a Mia Farrow a Lisboa, muitos convidados…O Paulo Portas fala com a dita cuja, convidados…Com o meu dinheiro. Por acaso até vi um filme com ela que gostei muito…”Rosa Púrpura do Cairo”…Não tem nada a ver…
Tanto que eu gostava de ver, todos esses heróis que me ensinaram a viver…É tudo muito caro!
Vês a casa do outro lado? Sim aquela ali ao fundo, já lá morei…Tudo isto era meu! No meu sonho tudo era meu!
Pude entrar primeiro nas salas e nos átrios iluminados, pude saltar e brincar sem ser empurrado, observar num vagar de quem gosta, aplaudir!
Limito-me à rua de entrada, sei que a democracia é isto, uns têm, outros não, mas todos podem falar. Eu falo mas não escrevo, quem escreve é este outro, um tal de p. guerreiro. Eu não tenho voz publicada, sou aquele que se queixa, que lembra o deslocar da riqueza, à espera da maré que foi e não veio…Continuo à beira da estrada…Alguém que pára! Dá-me boleia?
Fiz isto a pensar na descriminação monetária e porque um amigo “virtual” postou algo sobre o preço dos bilhetes para o Chic Corea. Pelo direito à indignação!

10 comentários:

naturalissima disse...

Tenho carta de condução há 15 anos! Conduzi ai durante 3 anos seguidos. Deixei disso. Hoje não pego num carro. Tenho horror, "Trauma", não sei... só sei que ainda hoje tenho pesadelos com desastres (que nunca tinha vvivido e visto ao vivo), e no entanto são pesadelos como se os tivesse vivido. São terriveis. São horrosos... Bom isto para dizer que poucas pessoas confio a condução. E vejo que as estradas, ruas são mal sinalizadas, outras nem sinais existem e muitos condutores distrídos, ou pessimos condutores. Para além do trânsito louco pela cidade já sem falar na hora de ponta que, hoje em dia já existe é o dia inteiro de um constante lufa lufa. Poluição sonora e atmosférica.

Gostei e está muito bem escrito esta passagem.

Aproveito para agradecer a tua visita no meu blog.
Até logo.
Um beijinho
Daniela

Titá disse...

Amei este grito!
A forma metaforica que usaste entre a condução, o ficar apeado e esta sociedade em que vivemos foi genial.
Estou contigo nesta indignação...eu pr´pri aguardo boleia à beira da estrada....

No entanto, meu irmão, nós somos de uma geração que, ainda que andado a pé,de bicicleta ou lambreta, conseguimos muito...temo mais pelo futuro.
Beijocas

Titá disse...

Adorei este grito!Genial

Suga_Mentes disse...

Por muito que custe dize-lo , hoje em dia ninguem no seu perfeito juizo afirmaria a existencia de democracias , existem apenas ditaduras , ditaduras puras , ditaduras democraticas , ditaduras economicas , ditaduras raciais , mais ou menos disfarçadas . A verdade é o que cidadão tem apenas como forma de intervenção o voto numa pessoa que não conhece , que sabe que independentemente do que pensa está acorrentado á lógica e legislação dum partido , e que por muitas boas intenções que tenha (para além das compreensivas do enriquecimento próprio) está limitado a uma margem reduzida de opção nas diretrizes pre acordadas da globalização .
Sinceramente estou muito céptico em relação ao futuro , ninguém parece querer tirar nenhuma elação do extremismo islamico , todos preferem esquecer que a opressão tem um preço , e opressão é opressão , de indole ideológoca , económica , religiosa , cientifica ou racial , é indiferente , mas tem sempre um preço , não acredito que seja durante a minha vida , mas tenho imenso receio que aconteça durante a vida do meu filho , que a convulsão que tanto agita o mundo só seja resolvida alimentada de sangue , muita dor e muito sofrimento . Se acreditasse em Deus rezava muito para que isso nunca acontecesse ...

lo disse...

Olá
muito lindo a parte do poema que me deixas tes tb tenho esse guardado para por...
:))))))
beijoooooo

naturalissima disse...

Obrigada pela espreitadela na minha fotografia!
Venho desejar-te uma boa noite.
Daniela

pb disse...

assino por baixo, suga... um abraço

lo disse...

eE eu prendo me
quando passas e deixas
essas palavras que tocam...
obrg pelo passeio
eu espero te sempre
:))))))
beijoooooooo

Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Anónimo disse...
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