2006-09-19

Alinhamento teológico

No Templo,
Os Deuses esperam a turba.
Oferendas fenecem nos altares,
Desmedidos manjares,
Almas crentes trucidadas.

No Templo,
A mensagem opalina,
Memória milenar,
É origem e conflito.
Razões profundas do ser,
Nas entranhas do que é molécula, átomo,
Na dúvida e no refúgio.
No Templo,
Cumpre-se a existência!

Nas vertentes nervosas,
Novelos de estímulos,
As palavras de oração são eco
Do eco dos oradores.
No Templo,
As paredes transpiram rumores!

Palavras de fé,
Largadas nos séculos profundos,
Teocracias ocidentais, orientais, medievais….Democráticas.
Na amálgama tudo se confunde.
Etéreo, o cordão umbilical materializa-se,
Revela-se omnipresente.
Orgânica,
A mensagem genética lembra-nos do pânico,
Do medo das noites escuras,
Do desabar dos céus.

No Templo sou uno,
Desprovido de identidade.
Tenho um nome e uma vida
Que reconheço nos mestres.

Não justifico!
Sou justificação!

Adeus alguém que já fui!
Cerrado está o portão para quem não acredita!


P.S. Porque este reacender teológico pode reacender outras questões...

13 comentários:

Miguel Baganha disse...

Belíssimo poema, Paulo!

Mantém o teu portão aberto... ;-)

Obrigado por reacenderes qualquer coisa, amigo.

Um abraço, e boa semana


Miguel

Rocha de Sousa disse...

Agradeci há dias o seu apoio motal
quando do falecimento do meu irmão,
e agora vverifico que já viu as viu «bonecas» da Cepêda. Como deve calcular aquela pintura não é grata aos nossos «entendidos», sendo preciso muito contacto para se perceber que aquele modo de formar é raro, bem como a simbolo-
gia que instala. Por muito que se desdiga a utilidade de produzir pintura assim, a verdade é que ela transcende o que parece a um pri-
meiro contacto.
Um abraço, Rocha de Sousa

O Lápis disse...

Eu acredito! :)

...assim, espero saber a frase magica para abrir a qualquer hora os portões do teu templo :)

P. Guerreiro disse...

As religiões do templo em contraponto com a nossa própria religiosidade, essa é a crítica. Desagrada-me ver repetirem-se erros que li nos livros de escola. Ainda são recentes os pedidos de desculpa da Igreja Católica perante os erros do passado, ao Islão o passado justifica as prepotências. As religiões são como são, de uma maneira geral apaziguam os medos e as dúvidas que a nossa ignorância criou.
Não é uma critica à procura de entendimento, de conforto espiritual. Todos nós temos medos e dúvidas...Só não devemos projectá-las com antagonismo perante as diferentes sensibilidades...
Na sua génese deveriam unir, mas sendo várias permitem-se tolerantes na desigualdade.
Sou baptizado mas não crente...Gostaria de acreditar no homem.
Quanto ao meu Templo ele está aberto e é tolerante a quem não defenda a violência.
Obrigado pela visita e pela opinião.

Vanda disse...

Sou crente em Deus.

Mas não sei que vestes usa esse meu Deus, só sei que ele nunca incitaria à violencia.

Todos os dias esforço-me por acreditar na Humanidade.

Mesmo quando lideres religiosos cometem erros.

Mas eles são apenas homens.

Como nós.

Sei que não consigo discutir religião com ninguem. Porque tenho um lado mistico que acredita e outra racional que poe em causa.

A religião serve para disciplinar ou para abrir horizontes,para apaziguar ou para procurar respostas. Tudo depende do "caminhante"...da cabeça de cada um...como ouve, vê, sente e vive...assim julgo que todos nós somos pequenos deuses, com uma grande responsabilidade no universo...mas o "meu" Deus nunca inicitaria à violência ou à intolerancia entre os Homens...

Sou mesmo uma grande sonhadora, ja to tinha dito :)))

Agradeço a visita lá nas asas de um lápis :))

O blog é uma pareceria entre mim e a Medusa Azul, eu escrevo e a Medusa desenha:) gostavamos tanto de comentar no blog uma da outra, que entramos nesta brincadeira :))

Sem nunca nos termos visto :) o mundo virtual tem destas coisas engraçadas :))


Volta sempre que te apeteca :) o nosso lápis (des)controlado fica sempre contente :)

um beijinho

Vanda

pb disse...

A religião é o ópio do povo...cada vez concordo mais com esta frase !!
Um abraço

Vanda disse...

Se bem me lembro :) a frase era assim : Fatima Fado e Futebol, o ópio do povo :)

muguele disse...

Eu acredito que, quer acredite quer não, isso não altera qualquer facto de existência ou inexistência de um "Deus".

Assim sendo, tento viver a minha vida preocupando-me com coisas que estajam ao meu alcance.

As Igrejas/religiões?
Pela espada ou pela pena, várias longas histórias de enganos, segredos, opressão e crimes, todas as que conheço.

Titá disse...

Excelente poema, Tema pertinente e muito actual, tendo em conta a última actuação do novo Papa.
Sou crente em Deus, mas não nas religiões actuais, cada vez mais deturpadas pelo Homem e usadas como decsulpas e fachadas para os motivos reais que incitam À violência e a guerras.
Tal como tu, meu irmão, cresci a ler estes erros humanos nos livros da escola. Revoltei-me com eles e revolto-me por ver a sua constante repetiçao.
Por isso cada vez mais a minha fé, é em mim mesma enquanto pessoa, tentando melhorar meus actos no dia a dia.

Suga_Mentes disse...

Poema muito bonito Guerreiro , parabens ...
Sinceramente nao acredito em Deus ou deuses , li acima algumas opinioes sobre o papel das religioes na sociedade , e poderia discuti-las do ponto de vista sociologico , mas aqui o ponto nao é esse , ou é ?
Pessoalmente acho-as nefastas , afastam o homem da sua realidade , a vida é defenida no pressuposto de uma eternidade que a vida real nega a todo o momento , deturpam valores naturais necessarios ao desenvolvimento da raça humana e subjugam o homem a uma ideia de finalidade divina que acaba por ser a principal razao do desconforto humano . Acredito que quando aceitarmos que somos seres finitos com uma fugaz passagem pela vida seremos muito mais felizes .
Se me perguntarem se acredito na minha propria filosofia , direi que nao é uma questao de acreditar , é uma questao logica , baseada na observaçao do mundo que me rodeia e o unico que sim , sei que existe .

naturalissima disse...

Fiquei deslumbrada com o teu poema.
Como sempre, muito bem escritos...

Já deves ter percebido que me ausentei por uns dias... voltei e vou já lêr o que ficou para trás. Aliás, reler o "suicídio", será com muito agrado... é fantastica a forma como transmites os sentimentos e falas do ser humano... Fez-me lembrar um pouquito de Albert Camus.

Um beijo
Daniela

Suga_Mentes disse...

Aproveitando a deixa da Naturalissima , queria dizer que de facto Albert Camus tem um obra fantastica sobre o tema . Apesar de ser bastante jovem quando o li marcou-me imenso , sobretudo o capitulo sobre " o mito de Sisifo " onde pela 1ª vez ouvi a historia do mito .

Vanda disse...

Bom dia :)

mesmo com chuva.

Van