2006-07-15
Almoço rápido
Na mesa do canto,
Com vista para o mar.
Meio jarro de tinto, o prato do dia,
Entradas e pão.
O pão pede manteiga!
O queijo não tem companheira!
Talvez a faca olhe para ele de outra maneira,
Ela que é tão meiga…
A travessa espera no seu lugar,
Alguém que a agarre.
Pega-lhe a cozinheira
Que deixa escorrer,
O suor pela cara,
O molho por cima,
Marcando território.
Assim como o vinho que ajuda a amar
A marca de gordura que deixo no copo,
Revela os lábios que lhe tocaram,
Mas nada diz sobre o seu efeito.
Na geleia cor de morango,
Enterro o metal da colher.
No prato o resto treme,
Enquanto engulo um pedaço
Bica e meio…E o cinzeiro.
Olho pela janela.
Nos ouvidos o som de talheres.
Na mesa ao lado fala-se de mulheres,
De bola, carros dinheiro.
Espero mais um pouco.
Não gosto de fugir da mesa…
…De longe o empregado diz que sim,
Que vai já fazer a conta…
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5 comentários:
Descrever um almoço (e rápido ainda pra mais) de forma poética como acabaste de fazer não é pra qualquer um, Guerreiro.
Fizeste-o com grande destreza e sensibilidade, revelando que existe beleza até mesmo no mais trivial almoço...rápido.
Sublime!
Um abraço e boa semana, Guerreiro ;-)
Almoço rápido!
Descreveste de forma tão simples, mas com beleza e sensibilidade, um momento de tantos "almoços rápidos"!
Gostei muito desta ideia exposta poeticamente, da qual visualizamos perfeitamente o ambiente, os sons, as falas, as posições de todos os ingridientes na mesa... imaginamos as personagens...
Gostei muito...
um beijinho
Daniela
Quando trabalhei em Lisboa ia todos os dias para Cabo Ruivo (Zona da Expo) e tive centenas de almoços entre o Poço do Bispo e a Portela. Havia uma lista de todos os restaurantes da zona e respectivo nº de telefone, comi com tudo o que trabalhava nessa zona, foram dezenas de restaurantes, tinhamos conta em quase todos. São tempos que recordo com um grande sorriso, centenas de histórias...
...Sempre à hora de almoço.
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