2006-09-21

Sonho na última noite de um condenado


Vejo-me numa terra estranha, onde nada nasce…Ou morre…Apenas perdura…Estou só…Ao lado…De lado…A um lado…De um lado…O de cá…O meu lado…Que como lado também é isolado…Foi colocado de lado pelos outros lados…Renegado…Exilado…E no seu exílio levou-me…Arrastado…Pendurado…Pelo pescoço…Por uma corda…Presa a muitas correntes…Que eu não sabia serem tão fortes…Tão resistentes…Aonde se pode ir numa terra estranha…Numa terra de estranhos…???? Não sei!...Nem faço a menor ideia!...Estou confusamente fodido…Á minha volta, na paisagem agreste, ondulam prados rasteiros de incolor desprezo…Estou no meu poste…No meio…Preso…Volto-me para o outro lado…Do poste…E tento dormir…Sem ter de adormecer e acordar de novo nesta terra de estranhos…Como se pode estranhar os estranhos?...Faço-o sem consciência de o estar fazendo…É algo institivo…Destrutivo…Extra negativo… Ultra impositivo…E eu vejo-me nesta terra estranha onde permaneço cativo…Quero sair!!! Onde está a porta de saída…Onde está a luz…Sinto o poste nas minhas costas….Ouço os fuzis a carregar…um cheiro a azedo no ar…Porra, não me consigo lembrar do dia em que nasci…

8 comentários:

Vanda disse...

Ha dias assim- sem horizonte!

Felizmente, depois tudo passa, a lembrança volta e suspiramos aliviados!

Será stress?

beijinho

Van

P. Guerreiro disse...

Stress de quem vai trabalhar o fim de semana...Nada de grave...Prometo voltar com assuntos mais agradáveis.
De qualquer maneira ..Obrigado Van!

P. Guerreiro disse...

O post teve origem num documentário que eu vi sobre a China e as condenações à morte. Fiquei com isso na cabeça e recuperei um texto que tinha feito quando um amigo meu foi preso...

Miguel Baganha disse...

" Chuva...
Chuva que molha...
Chuva que arde,
Chuva que ri...
Chuva que olha
O dia que vai tarde...
O dia em que nasci. "

( Pain-Killer )

Só pra pintar um abraço...com cores alegres, bom amigo...

Bom-fim-semana, Paulo.

Miguel

Uma música: " the pain within "
( WATERBOYS )...Estava a ouvir...

;-)

Isabel disse...

Nunca estive presa, senão dentro de mim própria, mesmo ai senpre fui alargando o meu espaço até a prisão ser o mundo...
Adorei o teu post e achei bonito que te tivesses colocado no lugar de prisioneiro, para o escreveres...

Isabel

Titá disse...

Texto de uma extrema beleza e dolorosa angustia. São palavras fortes que tanto nos dão a sensação de prisão, desespero, confusão, como nos alertam para um fim ...
Mas fica a sensação d eum fim vegetativo, será?

Que texto forte e sentido!
Um beijo meu irmão

Suga_Mentes disse...

Há dias de chuva , há dias de sol ... A chuva traz-nos saudades do sol , o sol traz-nos saudades da chuva .
Sentirmo-nos perdidos é ter a noção do local para onde queremos ir .

Vanda disse...

Mas este eu li!